Desmamamos

A primeira mamada após o parto, parece que foi em outra vida. <3

Agora em agosto faz cerca de um ano que minha filha desmamou. Um ano. E para mim parece que ela já não mama mais há uma eternidade. 

Minha pequena mamou no peito até os 2 anos e 8 meses. Essa foto abaixo foi tirada na exata última vez que ela mamou.


Nem acredito que consegui fotografar o último mamá. 

O desmame em si aconteceu após uma gripe forte que ela teve. Combinei com ela que, enquanto ela estivesse doente, poderia mamar à vontade, mas depois que melhorasse, ela já não precisaria mais do mamá, afinal já era grande. E não precisei nem insistir: assim que ela ficou boa, mamou essa última vez da foto e nunca mais pediu.

Inclusive, cheguei a oferecer o peito algumas vezes pra ela, como teste, para ver se ela mamaria novamente. Mas ela nunca mais quis. A resposta era sempre a mesma: "Já sou criança grande, não preciso mais de mamá".

Daí você se pergunta: "Mas nossa, foi fácil assim? Você combinou com ela e ela simplesmente não pediu mais? Sem choro, sem drama?" E a resposta é NÃO! Não foi fácil e esse último combinado só foi possível devido a um processo longo de desmame.

Na verdade, eu acredito que o termo livre demanda só se aplica mesmo quando o bebê ainda não come bem outros alimentos. Quando já é tranquilo substituir algumas mamadas por almoço, jantar e lanches, o bebê mama menos vezes e é possível controlar melhor o acesso ao peito.

Quando minha filha fez um ano ela já almoçava e jantava bem, lanchava à tarde e tomava fórmula duas vezes ao dia. Ela também iniciou creche meio período durante a semana para eu poder voltar a trabalhar. Com isso, eu acabei mantendo as mamadas que não eram realmente refeições: a hora de acordar, a hora de dormir e quando ela precisava de consolo, aconchego (porque peito não é só comida e com certeza ela já não mamava apenas por fome). Obviamente o seio também era a salvação quando ela ficava doente e não aceitava outros alimentos em hipótese alguma.

Outra mudança na nossa rotina após o primeiro ano de vida dela, foi o fim da cama compartilhada, então parei de amamentar de madrugada. Ela saiu do bercinho acoplado à nossa cama para o berço no quarto dela. Com isso, acabou o mamá "self-service", porque eu já estava com a coluna destruída de amamentar deitada a noite inteira. Para facilitar o processo de transição, quem ficava com ela à noite era o pai e ele dava fórmula no copinho de treinamento caso ela pedisse leite. Assim ela não chorava pedindo o peito, porque sabia que o pai não teria como dar. Ela parou de tomar esse leite de madrugada também quando desmamou completamente.

Entre o primeiro e segundo ano, fui adicionando combinados sobre o mamá de acordo com o crescimento dela, quando eu percebia que ela já entendia o que eu pedia. Exemplo: passei a negar o peito quando estávamos fora de casa, em alguma festa, praça ou parque, mas na casa da vovó estava liberado mamar. Com isso eu ia ensinando também que o peito estava no meu corpo, que eu não era obrigada a deixar ela mamar se eu não me sentisse confortável. E que se ela estava em um lugar diferente para brincar e passear, não precisava mamar lá, podia esperar chegar em casa.

Parece que foi uma coisa pacífica e tranquila, né? Mas nesse processo teve choro, teve estresse, eu gritava quando estava cansada e não queria amamentar. E ao mesmo tempo teve compreensão e entendimento, teve uma busca de atender as necessidades de carinho e atenção da minha filha sem o peito, teve ela crescendo e assimilando que somos pessoas com corpos individuais que precisam de respeito mútuo.

Com um ano e meio também passamos ela do berço para a cama de solteiro, assim mudamos um pouco o esquema de fazê-la dormir. Paramos de ninar no colo e passamos a deitar com ela na cama. Assim, quando era eu realizando a tarefa (porque eu sempre revezei com meu marido essa dinâmica), eu podia dar o peito e não precisava ter todo o trabalho de colocá-la no berço já dormindo, que estava bem tenso. Ela já estava grande, pesada e ficava cada vez mais complicado não despertá-la no processo.

Então, a última etapa complicada do processo - e talvez a mais estressante - foi tirar o hábito de adormecer mamando. Com o pai ela já dormia sem mamar, obviamente, mas comigo não tinha jeito: se eu estava lá, ela pedia o peito. Foram várias noites negando e ela protestando. O que começamos a insistir foi que não teria mais peito depois de escovar os dentes. Ela tomava o leitinho no copinho, escovava os dentes e depois não podia mais tomar nada que não fosse água. Eu dizia que estava lá pra ela e ia dormir com ela do mesmo jeito, só que dessa vez sem mamar. Às vezes tinha choro, às vezes eu precisava sair e deixar o pai no meu lugar. Mas depois de algum tempo, ela aceitou e percebeu que conseguia dormir comigo sem precisar do seio. Mamãe também sabe dar amor e carinho fora do peito.

Quando ela fez dois anos, outra coisa importante aconteceu na nossa vida: iniciamos o desfralde (falo dele em outra publicação). Começamos o processo em março e em julho ela estava desfraldada durante o dia. Isso foi exatamente na época que ela parou de mamar. Na verdade, eu acho que o desfralde foi importantíssimo para ela se perceber como criança e não mais como bebê, por isso o último combinado, de ela não pedir mais o mamá, funcionou tão bem.

Pouco depois de desmamar ela também pediu para não usar mais fraldas durante a noite, passou a acordar e pedir para ir ao banheiro. E olha, não sei se foi sorte ou se a coisa aconteceu no timing perfeito, mas depois que ela pediu para tirar a fralda noturna, nunca tivemos um só escape. Sim, nenhum xixi na cama no último ano.

E quando percebi, minha filha estava desmamada e desfraldada, tudo ao mesmo tempo. Ela ia dormir com carinho e historinha, não mais com peito. Eu não precisava mais me preocupar com fralda vazando de manhã cedo, porque ela fazia as necessidades no penico.

Sabe, eu não acho que exista certo ou errado na forma de conduzir um desmame ou desfralde, desde que feito com amor, paciência e respeitando o tempo da criança. Tudo na vida não acontece da noite para o dia, então com o desmame não seria diferente. Cada bebê é único, cada família tem uma dinâmica. Que esse relato possa inspirar e ajudar outras mães a entenderam que no fim, tudo passa e filhos crescem: não precisa ter pressa.


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