Pediatra: ame-o ou deixe-o?


Primeiro, quero deixar claro que adoro a pediatra da minha filha. Mesmo tendo plano de saúde optamos por pagar a pediatra dela particular. Nos acertamos tanto, que eu prefiro arcar com o valor da consulta quando preciso do que sofrer procurando um pediatra de convênio ou (deus-me-livre) ter que ficar horas na fila de um pronto-atendimento.

Eu já vi mães passarem por vários pediatras diferentes em menos de um ano. E olha, não está fácil mesmo achar um pediatra para chamar de seu... e mesmo aquele médico que sua amiga acha maravilhoso pode não te agradar. E sabe por quê? Porque cada mãe e cada filho são únicos, então somente você vai poder aprovar o pediatra do seu pequeno.

E muitas vezes você acha o pediatra ótimo, mas tem aquele detalhezinho (talvez não tão "inho" assim) que já te faz repensar o profissional que escolheu.

No geral, percebo quatro grandes queixas sobre pediatras. Vou citá-las com algumas dicas de como lidar ou contornar a situação, caso você ainda queira insistir com aquele profissional, apesar dos pesares.

E quando digo "queixas", você pode achar esse post uma grande frescura. Afinal, essas coisas são de grande importância PARA MIM, e pode ser que para você não sejam tão relevantes assim. Se seu filho já desmamou, um pediatra que apoia amamentação não é necessário. Talvez você não goste de ligar para o pediatra e prefira levar seu filho no hospital quando tem algum problema. Direito seu.




Então, seguem abaixo os principais problemas que vejo nos profissionais hoje em dia:

1. Pediatra que apoia amamentação está cada dia mais raro.

No meu caso, o apoio da pediatra foi crucial para que eu amamentasse minha filha. Fiz cirurgia de redução de mama, precisei fazer relactação e passei momentos muito delicados. Fico imaginando se fosse um profissional diferente, eu provavelmente teria trocado de médico.

E quanto mais seu bebê cresce, mais vejo os médicos perguntando quando você pretende desmamar seu filho. Dizem que você precisa dar leite de vaca ou fórmula. Dizem que seu leite não tem mais nutrientes (de ONDE eles tiram essa informação, eu juro que não sei). Mesmo eles sabendo que a recomendação da Organização Mundial de Saúde - e você encontra essa recomendação em TODA e qualquer latinha de leite do mercado - é dois anos ou mais de amamentação. Leite materno é muito mais nutritivo e equilibrado do que qualquer fórmula e ainda possui anticorpos e enzimas.

Nenhum médico tem direito de se intrometer na sua vida a ponto de insinuar que você deve desmamar sua cria. A não ser que você realmente diga que quer começar o desmame ou precisa desmamar porque a amamentação represente um risco para a vida do seu filho (caso você precise tomar um medicamento contra indicado para lactantes, por exemplo). Mas somente você sabe como deverá conduzir esse desmame.

COMO LIDAR: Se seu pediatra insiste no assunto desmame, mas você ainda quer permanecer com ele por algum motivo, faça a famosa "cara de alface". Acene positivamente para as recomendações, saia do consultório, jogue fora a receita de leite artificial, continue amamentando até quando você se sentir bem e pronto. Na próxima consulta não mencione o assunto a não ser que ele pergunte. Se perguntar diga que "está em processo" de desmame e não renda mais do que o necessário.

2. Muitos pediatras não entendem de nutrição infantil.

A verdade é que faculdade de medicina não forma nutricionistas. Eu acho muito bacana médicos que se interessam, pesquisam e se atualizam no tema da alimentação infantil, mas muitos profissionais são completamente distantes do assunto.

Pra mim, qualquer médico que receite farináceos com açúcar (oi, mucilon?) antes dos dois anos de idade (e depois, também, vamos combinar) é completamente sem noção. Isso quando não recomendam introdução alimentar de sólidos de bebês aos 3-4 meses de idade.

Claro que o bebê não é um relógio programado e a introdução alimentar não precisa ser feita com exatos 6 meses de vida. O mais importante é esperar que o bebê se sente sozinho sem apoio e demonstre interesse em ingerir outros alimentos além do leite (materno ou fórmula).

Agora, açúcar na infância faz mal, PONTO. Não tem discussão. Médicos sabem, ou deveriam saber disso. A introdução precoce de açúcares na dieta pode causar diabetes tipo 2, obesidade infantil, cáries, entre outros problemas.

COMO LIDAR: Se seu pediatra acha que introduzir alimentos sólidos antes dos 6 meses é ok, mas você não concorda, simplesmente diga que vai esperar até os 6 meses ou até quando achar correto. Ele não vai poder fazer nada, afinal, é você que alimenta seu filho. Agora, se o pediatra é do time "um docinho não faz mal", pergunte quais as informações científicas ele tem sobre isso. Porque todos os estudos indicam que a ingestão precoce de açúcar só tem malefícios para a infância. Mas se não, simplesmente diga que o dentista do seu filho proibiu a ingestão de açúcar para evitar cáries.

3. Tem pediatra que receita antibiótico só de olhar pra você.

Não sei vocês, mas eu já sou contra tomar remédio por qualquer coisa. Antibiótico então, evito ao máximo. E isso pra mim, que sou adulta. Toda vez que tomo antibióticos tenho consequências chatas causadas pela baixa de imunidade, como candidíase, dores de estômago ou diarreia. Imagina uma criança ou bebê, que ainda está formando seu sistema imunológico e flora bacteriana intestinal?

Além disso, o uso indiscriminado de antibióticos causa o aumento de bactérias resistentes. Ou seja, o uso repetido de um mesmo remédio, diminui a sua eficácia ao longo do tempo.

Por isso, é muito importante o médico fazer um diagnóstico mais apurado antes de simplesmente receitar um antibiótico. Porque se seu filho estiver com uma doença viral, o remédio não vai adiantar e ainda vai abaixar a imunidade dele, matando as bactérias boas da boca, intestino e genitália.

COMO LIDAR: Quando o seu filho estiver apresentando sintomas de infecção, tente marcar uma consulta diretamente com o seu médico de confiança e evite pediatria de pronto atendimento. Peça exames mais detalhados antes de dar o remédio. Caso o antibiótico seja mesmo necessário, nunca interrompa o tratamento no meio. E sempre peça para o médico escrever o princípio ativo junto com o nome do medicamento, caso você precise comprar de outro laboratório ou um genérico.

Outra coisa: se seu filho tem feito uso recorrente de antibióticos, talvez seja hora de procurar um terapeuta alternativo (como um bom nutricionista/nutrólogo ou fisioterapeuta respiratório, por exemplo) para investir em prevenção e melhora na imunidade, que pode vir com mudanças de hábitos e alimentação. Até mesmo homeopatia e florais podem ajudar, caso você acredite.

4. Alguns pediatras nunca estão disponíveis.

Desculpem, mas pediatra que não atende telefone ou não responde mensagem, pra mim não serve (e isso porque eu nem sou uma mãe que liga por qualquer coisa). Ou cuja consulta eu só consiga marcar para daqui há 3 meses. Esse foi um dos motivos pelo qual optei por um pediatra particular. Se seu filho começa a passar mal numa sexta à noite, não dá pra esperar 3 dias para simplesmente ligar para o médico, né?

COMO LIDAR: Se seu pediatra é de convênio e tem esse problema de demorar para marcar consultas, já deixe as consultas marcadas de uma vez, se você achar melhor. Agora se seu médico não atende o celular nunca, ou tenha um backup particular ou... troque de médico. Nesse caso não tem jeito mesmo. Se o médico não te atende e você tem uma criança doente, você vai acabar no pronto atendimento (e que com certeza vai resultar em receita de antibiótico).

Então, se vocês acharem aquele pediatra do coração, podem soltar rojões. Mesmo que ele tenha lá seus defeitos, o importante é que, no geral, você confie nele e que ela esteja disponível quando você precisar.

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